Evolução dos métodos contracetivos

06-11-2024

A evolução dos métodos contracetivos ao longo da história reflete o desenvolvimento científico, cultural e social, além de um crescente entendimento sobre a saúde reprodutiva. 

1. Antiguidade e Idade Média

Na Antiguidade, o controlo da fertilidade baseava-se em métodos naturais e observações empíricas. As culturas antigas, como os egípcios, gregos e romanos, tinham algumas formas rudimentares de contraceção, frequentemente envolvendo ervas, amuletos ou práticas mágicas. O uso de plantas com propriedades contracetivas, como o silphium (uma planta utilizada pelos romanos), foi documentado, embora hoje se saiba que essa planta foi provavelmente extinta.

Além disso, as mulheres frequentemente usavam dispositivos físicos, como pessários compostos por materiais como vidro, madeira ou pedra (No Egito Antigo, existem registos de pessários feitos com misturas de mel, goma de acácia e outros ingredientes inseridos na vagina para bloquear a passagem de espermatozoides). No entanto, esses métodos eram imprecisos e nem sempre eficazes

Durante a Idade Média, o controlo da fertilidade era frequentemente reprimido pela Igreja, que desencorajava o uso de métodos contracetivos. O foco estava na procriação como um dever religioso, embora práticas como o coito interrompido (método de retirar o pénis da vagina antes da ejaculação) fossem conhecidas e utilizadas. 

2. Séculos XVI a XIX

A Revolução Científica e os avanços na medicina começaram a impulsionar a pesquisa sobre contraceção, mas ainda de forma limitada. Durante o século XVI, o preservativo começou a ser utilizado, inicialmente feita de intestinos de animais e, mais tarde, de borracha. No entanto, o uso de preservativos era visto como algo marginal e estigmatizado.

No século XIX, a invenção da borracha vulcanizada por Charles Goodyear permitiu a produção de preservativos mais duráveis e eficazes. Em paralelo, começou a desenvolver-se o  conhecimento sobre o ciclo menstrual e a sua relação com a fertilidade. As tabelas de Ogino-Knaus, desenvolvidas em 1924, foram uma das primeiras tentativas de calcular o período fértil da mulher para o controlo natural da natalidade.

3. Século XX

O século XX foi palco de uma verdadeira revolução no campo da contraceção, oferecendo às pessoas, especialmente às mulheres, maior controlo sobre suas escolhas reprodutivas e o planejamento familiar. Com avanços científicos e mudanças sociais, os métodos contracetivos evoluíram para atender às necessidades de saúde, conveniência e liberdade individual.

  • Pílula Anticoncecional: Em 1960, a FDA dos EUA aprovou a primeira pílula anticoncecional combinada de estrogénio e progesterona. Este método hormonal trouxe uma verdadeira revolução ao controlo de natalidade, oferecendo uma eficácia elevada e proporcionando liberdade reprodutiva para as mulheres.

  • Dispositivos Intrauterinos (DIU): Os primeiros DIUs modernos foram introduzidos nas décadas de 1960 e 1970. Ao contrário dos métodos hormonais, atuam diretamente no útero, dificultando a implantação do óvulo fecundado. Atualmente, os DIUs são fabricados com cobre ou hormonas, aumentando a sua eficácia e segurança.

  • Métodos Hormonais de Longa Duração: Nas décadas seguintes, surgiram novas formas de contracetivos hormonais, como o implante subcutâneo (anos 1990), injeções de progesterona (anos 1960) e o anel vaginal (anos 2000). Estes métodos oferecem a vantagem de serem de longa duração e de não necessitarem de administração diária.

  • Preservativos e Contraceção de Emergência: Os preservativos masculinos e femininos continuaram a ser aperfeiçoados, tornando-se mais finos e resistentes. A contraceção de emergência, desenvolvida na década de 1970, popularizou-se nos anos 1990, oferecendo uma solução pós-coito em caso de falha de outros métodos.

Primeira pílula anticoncecional - Enovid-10

4. Século XXI (Atualidade)

Atualmente, várias inovações estão a ser feitas na área dos contracetivos. As mulheres já podem usar adesivos que libertam doses diárias de hormonas e anéis vaginais que seguem o mesmo princípio. As injeções mensais de hormonas também são opções práticas para as mulheres, assim como os DIUs que funcionam por quase cinco anos. Uma empresa farmacêutica até desenvolveu uma pílula anticoncecional que faz com que as mulheres tenham apenas quatro menstruações anuais.

Outra inovação recente para mulheres que pretendem evitar uma gravidez indesejada são as pílulas do dia seguinte, que devem ser tomadas até 72 horas após a relação sexual para evitar uma gravidez. Este método liberta uma grande quantidade de hormonas de uma vez, pelo que só deve ser utilizado em casos de emergência, como, por exemplo, quando o preservativo se rompe. Apesar de todos os métodos alternativos, cada vez mais fáceis e confortáveis, os especialistas lembram que apenas o preservativo (feminino ou masculino) impede a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis.

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